Cidadania Negada
Verônica Lima e Silva.
Euclides da Cunha em 1897 foi enviado como correspondente do Jornal O Estado de São Paulo, para cobrir a Guerra de Canudos (1896-1897), no interior do estado da Bahia. Partiu com uma ideia de que o governo lutava ali contra revoltosos Monarquistas que não aceitavam a recém implantada República.Uma “Vendéia brasileira”1,pensava a opinião pública à época.Mas o jornalista Euclides,ao chegar no pequeno arraial Canudos, percebe que o exército brasileiro lutava contra míseros homens,mudando assim todo o seu olhar para aquele fato.Passando então a mostrar através de seus escritos, o massacre daquela unida e mal armada comunidade pelo aparelhado exército brasileiro.Uma luta desumana e desigual que custou a vida de milhares de homens,adultos, velhos mulheres e crianças do pequeno vilarejo nordestino.
Euclides da Cunha em 1897 foi enviado como correspondente do Jornal O Estado de São Paulo, para cobrir a Guerra de Canudos (1896-1897), no interior do estado da Bahia. Partiu com uma ideia de que o governo lutava ali contra revoltosos Monarquistas que não aceitavam a recém implantada República.Uma “Vendéia brasileira”1,pensava a opinião pública à época.Mas o jornalista Euclides,ao chegar no pequeno arraial Canudos, percebe que o exército brasileiro lutava contra míseros homens,mudando assim todo o seu olhar para aquele fato.Passando então a mostrar através de seus escritos, o massacre daquela unida e mal armada comunidade pelo aparelhado exército brasileiro.Uma luta desumana e desigual que custou a vida de milhares de homens,adultos, velhos mulheres e crianças do pequeno vilarejo nordestino.
A recente declaração de um
vereador do Município de Piraí/RJ,me fez lembrar desse episódio fatídico da
história brasileira.Os miseráveis de canudos, foram banidos da comunidade de Monte
Santo onde viviam tranquilamente sob a liderança do religioso Antonio Conselheiro.Foram
dizimados por serem pobres e viverem à margem da sociedade.Assim tornaram-se inimigos
confessos da nação e frutos de intrigas entre Monarquistas e Republicanos jacobinos
que disputavam o poder Central na capital da República,sendo exterminados sem
dó e sem piedade.Tal qual quer o vereador de Piraí fazer com os mendigos de sua
pequena cidade.
O relato sócio-histórico da Guerra
de Canudos publicado no livro :”Os Sertões”, de Euclides,pode até não ter
nenhuma relação com o ocorrido em Piraí,mas suscita em nós uma profunda reflexão:
Nem todas as pessoas que perambulam pelas ruas das cidades brasileiras estão
ali porque querem.São mendigos porque vivem à margem de uma sociedade cada dia
mais egoísta e cruel. São mendigos porque a ganância de uns roubam-lhe o
direito à cidadania. Porque nunca tiveram a oportunidade de ter um lar digno, um
emprego decente, uma escola de qualidade, uma mão amiga, um apoio. Nunca viram uma
luz no fim do túnel para seus problemas.Só trevas e escuridão.
Nas últimas eleições foram eleitos
para os cargos legislativos de todo o país, cerca de 70 mil vereadores, visto
que o Tribunal Superior Eleitoral TRE,aumentou para nove o número de vereadores
nos municípios com até 15 mil habitantes.Mais propostas de leis,mais políticas públicas
que assegurem direitos e qualidade de vida aos cidadãos, é o que se espera desses
representantes do povo nos pequenos municípios brasileiros.
No entanto muitos vereadores
aproveitam seus mandatos para elegerem parentes, cônjuges e filhos como seus assessores parlamentar,usando a máquina pública em beneficio próprio. O Nepotismo praticado
por esses senhores sim é vergonhoso e imoral. Essa prática corriqueira deveria ser banida e excluída das Câmaras Municipais,
e não os mendigos virarem ração como disse o vereador de Piraí ao subir na plenária
para falar a seus pares.
Vale lembrar que alguns vereadores, uma
minoria se mantém crítico e cheios de boas intenções, mas nem sempre seus
projetos a favor da coletividade são aprovados nas sessões legislativas municipais.
Exatamente por fazerem parte de uma minoria, não teem representatividade, ficando
impossibilitados de mudar qualquer decisão que vise o interesse particular de um
ou de alguns membros da casa legislativa, impedindo assim que corruptos usem o
poder público local para se beneficiarem.
Se em Piraí tem muitas pessoas
perambulando pelas ruas,é provavelmente, porque esse e outros vereadores da
casa legislam em beneficio próprio.Suas ações irresponsáveis e individualistas sim
geram desigualdades, pobreza e exclusão social,devido à omissão de suas funções,
dentre elas a de propor projetos de leis que atendam o interesse público de sua
cidade e de seus munícipes.
Portanto, continuamos até hoje 25
anos depois da Constituição Cidadã produzindo mendigos e miseráveis como no Brasil
Republicano do século XIX. E ainda assim queremos ter vergonha deles?Torná-los
ração para peixe? Por não terem endereço fixo, por serem pobres, sujos e esfarrapados,
não podem exercerem sua cidadania?Como
se votar nesse país fizesse alguma diferença, trouxesse alguma mudança real
para a maioria do povo brasileiro. Continuamos tratando, negando e produzindo até
hoje as mesmas mazelas sociais do passado.
1..Vendéia.Quando a Revolução francesa chegou nos
campos,artesãos e camponeses com o apoio da aristocracia local em 1793,lutaram
contra os revolucionários,defendo o sistema monárquico.A opinião publica
brasileira em 1896 passou a dizer que Canudos era uma “Vendéia brasileira” por
defender a permanência da Monarquia.Estudos recentes apontam terem sido os
canudenses frutos de intrigas políticas entre Monarquista e Republicanos.Diante
da resistência da comunidade o presidente civil Prudente de Moraes mandou
destruir o Conselheiro e todos os seus comandados.
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